Ansiedade e ciência: o que os estudos mais recentes revelam sobre como ela se manifesta e pode ser compreendida?
- Debora Almeida
- há 18 horas
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Vivemos em um tempo onde a ansiedade está presente na rotina de muitas pessoas. Por isso, é natural que a ciência esteja cada vez mais empenhada em entender esse fenômeno tão comum — e, muitas vezes, tão silencioso.
Dois estudos científicos recentes trazem novas luzes sobre o tema e revelam que compreender a ansiedade vai além das emoções: envolve também o nosso corpo, o cérebro e até mesmo os padrões do nosso sono e batimentos cardíacos.

O que o cérebro revela sobre a ansiedade?
Um dos estudos, publicado em setembro de 2024, investigou como o cérebro reage em pessoas com transtornos de ansiedade.
Os pesquisadores usaram sinais de EEG (eletroencefalograma), que registram a atividade elétrica do cérebro, para analisar um marcador chamado negatividade relacionada ao erro (ERN). Esse marcador indica o quanto a pessoa reage quando percebe que cometeu um erro — uma reação que, em pessoas ansiosas, tende a ser mais intensa.
O que chamou atenção foi o uso de inteligência artificial para ajudar na detecção desses padrões cerebrais. Embora essa tecnologia ainda esteja em desenvolvimento, ela mostra que até mesmo a forma como pensamos e reagimos está sendo estudada com profundidade — e que, sim, a ansiedade tem base neurobiológica. Isso nos ajuda a compreender que sentir ansiedade não é fraqueza, e sim parte de um funcionamento que merece acolhimento e cuidado.
Como nossos hábitos diários podem sinalizar ansiedade?
Outro estudo recente, realizado no Reino Unido com mais de 10 mil participantes, analisou dados de dispositivos vestíveis (como smartwatches e pulseiras fitness) para investigar os sintomas de ansiedade e depressão. Entre os dados observados estavam humor diário, qualidade do sono, frequência cardíaca, nível de atividade física e até o índice de massa corporal.
O estudo revelou uma forte ligação entre esses indicadores físicos e emocionais. Por exemplo, noites mal dormidas, alterações no ritmo cardíaco e baixos níveis de movimento estavam frequentemente associados a um aumento nos sintomas de ansiedade. Isso confirma algo que sempre conversamos aqui: corpo e mente estão profundamente conectados, e cuidar de um é também cuidar do outro.
E como tudo isso se conecta com você?
Aqui na Viva em Calma, acreditamos que conhecimento também é forma de cuidado. Saber que a ciência está olhando com atenção e respeito para as experiências humanas nos permite ter mais compaixão por nós mesmos.
Esses estudos mostram que a ansiedade é real, tem raízes profundas e múltiplas dimensões — e que existem caminhos possíveis e sustentáveis para lidar com ela.
A psicoterapia é um deles. Acolher suas emoções, entender seus gatilhos, encontrar novas formas de reagir: tudo isso faz parte do processo.
Se você está sentindo que a ansiedade tem tomado espaço demais na sua vida, saiba que não está só — e que há ajuda disponível. Um passo de cada vez, com escuta, afeto e conhecimento, é possível reencontrar o equilíbrio emocional que você merece.
Até breve
Artigos:
Machine learning to detect anxiety disorders ftom error-related negativity and EEG signals
Ramya Chandrasekar, Md Rakibul Hasan, Shreya Ghosh, Tom Gedeon and Md Zakir Hossain
Large-scale digital phenotyping: identifying depression and anxiety indicators in a general UK population with over 10,000 participants.
Yuezhou Zhang PhD; Callum Stewart PhD; Yatharth Ranjan, MSc; Pauline Conde, BSc; Heet Sankesara, BSc; Zulqarnain Rashid, PhD; Shaoxiong Sun PhD; Richard J B Dobson PhD; Amos A FolarinPhD
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