Você não é ansioso — você está ansioso: a diferença que muda tudo
- Debora Almeida
- 22 de jul.
- 2 min de leitura
1. A história que todos já contaram (ou ouviram)
“Eu sou ansioso.”
“Ela é tão estressada."
“Sou uma pessoa insegura.”
Essas frases parecem verdadeiras. Elas saem da nossa boca como se fizessem parte do nosso DNA emocional. Mas será que fazem?

2. O perigo de se definir por estados emocionais
Quando dizemos “sou ansioso”, não estamos só descrevendo uma experiência. Estamos colando um rótulo na nossa identidade. Um rótulo que, com o tempo, pode virar uma prisão.
Imagine se você dissesse:
— “Eu sou gripe.”
Soa estranho, né? Porque você sabe que a gripe passa. E a ansiedade também pode passar se a tratarmos como um estado emocional e não como uma característica fixa da nossa personalidade.
3. A diferença entre "ser" e "estar" (e por que isso importa)
Na língua portuguesa, temos dois verbos diferentes: ser e estar. Enquanto “ser” aponta para algo permanente, “estar” aponta para algo passageiro, mutável.
👉 "Estou com medo" é bem diferente de "Sou medroso".
👉 "Estou ansiosa" deixa espaço para a mudança.
👉 "Sou ansiosa" parece um veredito final.
E é aqui que a linguagem se conecta com a psicologia — especialmente com a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT).
4. ACT e a armadilha da fusão cognitiva
ACT nos ensina que, muitas vezes, nos fundimos aos nossos pensamentos. Ou seja, acreditamos que nós somos aquilo que pensamos.
Pensamento: “Sou um fracasso.”
Resposta comum: “É, eu sou mesmo.”
Resposta saudável: “Estou tendo o pensamento de que sou um fracasso.”
Essa distância saudável entre você e seus pensamentos é libertadora. Permite que você veja que há algo maior em você do que qualquer emoção, sensação ou história que a mente esteja contando.
5. O rio e as folhas
Imagine que seus pensamentos e sentimentos são folhas boiando num rio. Você pode observá-los passando. Uns mais leves, outros mais pesados. Mas nenhum deles é o rio.
E você?
Você é o rio.
Você é o espaço onde essas experiências acontecem.
Você não é a folha. Você não é a correnteza. Você é quem observa. Você é quem vive.
6. Reescrevendo sua narrativa interna
Quando você muda o “sou” para “estou”, algo mágico acontece:
Você para de lutar contra sua experiência.
Você cria espaço para agir com mais compaixão.
Você permite que o momento mude — como ele sempre muda.
📌 Em vez de “Sou estressado”, experimente: “Hoje, percebo que estou sentindo estresse.”
📌 Em vez de “Sou insegura”, teste: “Agora, percebo uma sensação de insegurança.”
São pequenas mudanças linguísticas que geram grandes mudanças internas.
7. Convite final: volte a ser o observador
Na Viva em Calma, acreditamos que viver em calma não é viver sem emoções difíceis, mas sim reconhecê-las como passageiras sem se identificar com elas.
Na próxima vez que sentir ansiedade, tristeza ou medo, experimente dizer:
“Eu estou sentindo isso agora, mas isso não define quem eu sou.”
E veja como isso muda tudo.
Um grande abraço
Comentarios